quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O Cruzeiro, o eu e o nós!

Nós não queremos mais Mineirão lotado? Temos que tentar entender isso. São muitas as razões, mas afinal de contas, o que fazer?
Todos têm seus motivos. O clube precisa arrecadar e tem um dos programas de sócios mais eficazes do país. Os que aderem ao programa, contribuem diretamente com o clube e com isso adquirem o direito de frequentar todos os jogos ou no mínimo contarem com bons descontos, e assim frequentarem com mais assiduidade.
Por outro lado, grandes jogos obviamente atraem grandes públicos. E definir o que é um público, de forma coesa, é muito complicado. As torcidas de futebol são públicos diferentes dos demais e diferentes entre si. Envolve-se muita paixão.
Como se mede a paixão de uma torcida? Complicado. Somos torcedores que vão em todos os jogos, outros em alguns jogos, outros as vezes, outros só em decisões. Somos os que moram na grande BH, de fácil acesso ao gigante. Somos os que viajam para acompanhar o clube. Como entender a paixão de um torcedor? Mesmo dentro do estádio cada um torce de um jeito, uns quase nunca vão ao estádio mas estão pelas ruas muitas vezes azulcrinando orgulhosos de vestirem nossa camisa enquanto outros vão ao estádio impacientes e na primeira falha, pois no futebol errar é desumano, já acionam as cornetas. Outros cantam sem parar, acreditando que é a forma melhor para se atingir o gol, numa comunhão religiosa, estes, praticam rituais espirituais nas arquibancadas em forma de louvor a este clube, outros cantam quando o time ataca, outros não cantam, temos setores para vários estilos de torcer, torcedores de todas as classes, cores, somos a cara de Minas Gerais e a imagem que resplandece no céu do Brasil. E quando sai gol do Cruzeiro, todos nós nos alegramos, melhor ainda quando nós o fazemos! É muito mais emocionante!
Somos nós. Não eu. E que se entenda isso. Sou daqueles que acreditam que cantar e empurrar o clube sempre foi a melhor opção. No ano de 2016, completo 30 anos de arquibancada. Digo isso apenas para que entendam o porquê desta descrição. Simples: o Mineirão lotado com esse “nós” que nos torna uma nação única em prol de nossa grande felicidade, em festa, explodindo, é uma das coisas mais lindas que todos “nós” já pudemos viver. Garanto que é uma das maiores emoções e felicidade da vida de muitos de vocês que, na verdade, somos “nós”.
Alguma coisa, qualquer coisa, poderia ser feita para facilitar o povão de comparecer. E este povão, por sua vez, pode fazer muita coisa para comparecer. Todos têm suas razões, e se todas elas sintonizarem na estação Cruzeiro, entenderão que o caminho certo do nosso clube querido combina com o Mineirão, nossa primeira casa, lotada!
Não se explica isso de forma racional, para nós, que somos loucos e vivemos esta loucura. Nossos corações já fizeram tremer muitas vezes aquelas arquibancadas. Emoções as mais variadas, mas nossas. Temos todos “nós” uma vida chamada Cruzeiro que pulsa em comum. Levamos o nome de Minas Gerais e de Belo Horizonte para o mundo!
Todos nós somos o Cruzeiro. Por isso, pensem em “nós” e não em “eu” e todos façam o que puderem para empurrar este “nós” porque o dever nos clama!
E como diz a letra: Nósso amor pelo Cruzeiro é diferente, não é criado pela imprensa e vem de berço”
Cruzeirão do povão!
Geovano Chaves
Agosto de 2015













terça-feira, 25 de agosto de 2015

Breve histórico de momentos de crises do Cruzeiro e do tratamento com sua torcida: 1984 e 2015, qual a diferença e o que se pode deduzir?
Em 1948, George Orwell, famoso escritor britânico, escreveu um livro intitulado 1984. Ele tentou imaginar como seria o mundo em 1984. Tivesse ele pensado no Cruzeiro, poderia ter vivido um dos piores pesadelos de sua vida. Mas...
Antes de fazermos esta viagem na história do nosso clube querido, uma pincelada no nosso presente: sabemos que as últimas declarações de Luxemburgo e Tinoco sobre a nossa torcida ofenderam e muito nossa integridade azul-sanguínea. A raiva extrapolou para muitos a atual situação do futebol do time, pois afinal de contas, foram declarações que partiram de dentro do clube, sob a conivência de uma diretoria fria e perdida.
Mas queria frisar que, apesar das declarações estúpidas destes infelizes, o nosso Cruzeiro querido já enfrentou crises em proporções que podem ser consideradas até maiores. E rememorá-las em alguns aspectos, entender que conseguimos transcendê-las, pode ajudar a dar-nos maior força para superarmos a que vivenciamos atualmente. Voltemos a 1984 e façamos uma reflexão.
O campeonato brasileiro de 1984 foi disputado por 40 clubes, divididos em 8 grupos de 5. Ficamos no grupo F, junto com América RJ, Atlético Paranaense, Brasil de Pelotas e Rio Branco do Espírito Santo. 3 clubes se classificariam em cada grupo de 5 equipes, e o quarto colocado iria para a repescagem. Pasmem! Neste grupo, com estas equipes, o Cruzeiro ficou em quinto lugar, exatamente na última colocação. Em um campeonato com 40 equipes, algumas, como em nosso grupo, incrivelmente sem expressão alguma, o Cruzeiro conseguiu a façanha de terminar na vergonhosa posição de número 33, escapando da taça de Prata, antiga segunda divisão, por índice técnico. Foi um ano assustador, digno de cair no esquecimento. Exceto por um motivo: com um dos piores elencos de nossa história e diante de 52 mil pagantes no Mineirão, emplacamos 4 x 0 no Atlético Mineiro em dezembro de 1984. Sim, a final do Mineiro era no final do ano, e assim salvamos aquele ano que teria tudo para ser um dos mais tenebrosos de nossa história com uma goleada histórica. O ano de 2011 neste aspecto não foi exceção à regra, foi replay.
Como 1984, os anos de 1985 (33º), 1994 (22º) e 2011 (16º) também foram assustadores. Nestes torturantes anos, sofremos com elencos que fraquejavam a cada rodada, jogadores que nos faziam ir à beira de um ataque de nervos, mas que no final ao menos salvaram a instituição do vexame maior. Falta de jogadores de renome, falta de dinheiro. Em cada um destes anos, se aprofundarmos, houve uma explicação diferente para crises que na verdade são presentes na vida de qualquer clube grande do planeta. Superamos todas elas, incaíveis, orgulho de nossa tradição.
Voltando novamente ao presente, indagamos: o que a crise de 2015 nos apresenta de diferente, nos assusta e nos irrita tanto?
Além da péssima administração, o que é de corroer os nervos são declarações que atacam, incrivelmente, a nossa torcida. Logo aquela que é a razão de ser do Cruzeiro, a que move o clube como proclama o próprio departamento de marketing, ser atacada de dentro da própria instituição?
Tudo bem que o antigo presidente César Masci já disse algumas groselhas no início da década de 90, mas não foi nada tão ofensivo assim. Nada comparado ao que dois estúpidos que sequer conhecem os caminhos que levam as três Tocas da Raposa foram capazes de proferir.
Portanto, se são capazes de fazerem péssimas administrações, arriscarem manchar nossa história como um dos poucos clubes incaíveis do futebol brasileiro por pura arrogância e frieza e destruírem um elenco bi-campeão do Brasil, ainda assim, lhes exigimos a seguinte postura, ao menos isso:
Não falem NUNCA mais pelos cotovelos sobre esta torcida. Não relinchem nunca mais sobre este povo. Procurem ao menos conhecer a história da formação dessa nação. Não julguem este povo apenas pelo viés do número econômico dos que fazem o sócio do futebol ou não. Procurem entender que são vocês que tem que constantemente adequar o programa de sócio ao tamanho e grandeza desta torcida, e não a torcida que tem que se adequar ao programa que vocês muitas vezes parecem querer impor como perfeito. Não acreditem que por arrecadarem mais que outros clubes com este programa vocês tem o direito de serem coniventes com declarações que procure ofender este povão. Tenham vergonha, sintam no coração, como nós, a raiva de ver o principal setor do estádio aparecer vazio para o mundo inteiro desde 2013.
E se pedir vergonha na cara não for pedir demais para uma administração que parece fugir deste quesito, venham a público e se retratem do que foi dito por este infeliz pseudo-diretor de futebol, e em seguida, façam como nossos piores elencos da história fizeram com o rival no último mês de agonia dos respectivos anos de 1984 e 2011: mande-o para o espaço!
Cruzeirão do povão!
Geovano Chaves

Agosto de 2015



terça-feira, 18 de agosto de 2015

NOTA DE REPÚDIO
Desrespeito com a nossa torcida: a que ponto chegaram Vanderlei Luxemburgo e a diretoria do clube?

Em entrevista recente, o técnico Vanderlei Luxemburgo foi de uma infelicidade galáctica, como outras em que este mesmo treinador já se encontrou em referência a este termo madrileno. Vociferou contra quem não deveria ao tecer críticas a quem ele deveria louvar como súditos de uma tríplice coroa. Compreendo por um lado o desconhecimento carioquês deste treinador em relação ao que representa para o Cruzeiro a sua imensa torcida, mas compreender não significa justificar, muito menos concordar.
Sobretudo, o que mais espanta nesta situação não é a declaração do profêxor. É a conivência da diretoria do clube, em demasiado aspecto, sintomática. E o que significa e em que consiste este sintoma?
Finanças. Lógico, compreensível e justificável, é a questão mais importante para o Cruzeiro sobreviver sempre forte. O sócio é no momento o que mais interessa para o clube. Mas não deveria ser apenas o que interessa. Para que as finanças caminhem de vento em polpa, e o clube possa atingir ótimas arrecadações com o programa de sócio, não faz sentido e/ou mesmo necessário um certo ar de desprezo com a imensa torcida, e principalmente, um desrespeito com a história desta torcida. Havia mesmo necessidade do Luxemburgo relinchar aquilo? Conhecem eles (Luxa e direção do clube) a vida de um torcedor apaixonado não cadastrado no banco dos sócios que rendem receita ao clube mesmo com a parte mais internacionalmente visível da saudosa arquibancada da toca 3 vazia há três anos? Esta torcida que tanto está sofrendo em 2015 e que ainda assim apoiou o clube nos momentos mais importantes deste ano, merecia a crítica que recebeu por parte deste treinador por ter se revoltado contra uma partida ridícula destes jogadores sem identidade e sem alma?
A torcida do Cruzeiro já é por demais desrespeitada na mídia esportiva de Minas Gerais. Será que eles não percebem isso? Aqui nas alterosas, existe um ufanismo exorbitante e mentiroso em relação a segunda maior torcida do Estado, facilmente justificado no sentido de que o clube à que esta torcida faz jus não conseguiu em mais de 100 anos alcançar o patamar glorificante no panteão do futebol que o Cruzeiro atingiu. Somos o maior do Estado. Tal situação provocou em boa parte da mídia esportiva mineira um sentimento de carência que é aliviado com jargões falsos e inescrupulosos de que a torcida em questão é isso ou aquilo, arrotam ufanismos em todas as transmissões, tentam inflar o ego manipulando o parco cérebro galináceo com bordões, e nós cruzeirenses já somos obrigados, se quisermos acompanhar o noticiário do clube na grande mídia, a conviver com esta porcaria. Isto chateia sim, é um saco para falar a verdade, mas ainda assim quem tem o mínimo discernimento consegue captar as armações da mídia em prol da torcida conhecida como “farsa”.
Agora, a crítica à nossa torcida partir do treinador do clube, sob os auspiciosos silêncios daqueles que comandam o nosso Cruzeiro, foi demais para o coração de quem vive a alucinante emoção de frequentar aquelas (ex)arquibancadas e sofrer e vibrar com nosso clube querido.
Não basta o setor Minas Arena vazio há três anos e a enrolação infernal de que estão resolvendo esta situação que nunca tem fim. Não basta não criarem políticas que integrem junto ao sócio o torcedor comum, o povão, marca da nossa torcida como se pode observar em pesquisas sérias e fundamentadas. Não basta deixar a mídia esportiva de Minas inventar ufanismos em relação a torcida rival e silenciar em relação a nossa grandeza enquanto nação com a respectiva conivência de quem nos dirige. Não basta terem conseguido a façanha de não superlotar o Mineirão em uma final de Copa do Brasil no momento em que o time havia ganhado o tetra do brasileiro e que a torcida deveria empurrar o time como sempre fez para as grandes conquistas. Não basta tratarem o torcedor apenas como um cliente que consome o sócio do futebol que nestes últimos anos alegou ser o motor que propiciaria ao clube sempre possuir grandes e fortes elencos, e não a tragédia sem a alma azul deste amontoado de jogadores de 2015. Não bastou nada disso, ainda tiveram a capacidade de criticar a torcida, para não dizer ofender.
Pois fiquem sabendo que os grandes feitos de nossa torcida estão cravados na nossa história. Já tivemos momentos muito piores que este e ainda assim marcamos nossa presença. Teria que escrever algo maior que o conteúdo da bíblia para lhes citar a evolução gloriosa de um grupo de imigrantes italianos da década de 1910-1920 que deram origem a uma nação de milhões de seguidores multiétnicos. O Cruzeiro se tornou um povo. Vocês deveriam ser a realeza deste povo. Vocês deveriam mirar no horizonte a veneração deste povo. Vocês deveriam sentir no coração a vibração deste povo. Mas não. Vocês se calaram em relação ao que a este povo chegou diante da crítica absurda que um treinador fora de contexto disse sobre nossa paixão. É de roer o coração. E pior, injusto. Esta nação não merecia isso. Basta a administração pífia que vocês têm feito este ano. Cornetar a torcida não, quem vocês pensam que são para chegarem a este ponto?
A política de sócios, a administração que gerou este time sem alma, as explicações de vocês para tal, enfim, tudo isso acredito que uma vitória aqui, outra ali, a permanência na primeira divisão e a recuperação do nosso clube querido para o ano que vem, nós podemos com muito esforço aceitar. Mas atacar de dentro do clube nossa torcida e fazer a alegria da mídia que vocês tanto conhecem e são coniventes não, por favor, é absurdo, vergonhoso e frio e sem alma como o setor Minas Arena vazio que há três anos vocês só ficam de enrolação alegando que vão resolver e sonolentos, nunca resolvem.
A falta de limites e a demagogia de Luxemburgo associada a frieza da atual diretoria do Cruzeiro são imagens de um elenco que não tem o nosso sangue!
O Cruzeiro é o coração de um povo pulsando. Não se maltrata assim um coração e muito menos quem faz este coração pulsar.

Respeitem esta torcida, é o óbvio a ser feito, é o mínimo, é o básico, fica o recado.
Geovano Chaves
Cruzeirão do povão.