NOTA DE REPÚDIO
Desrespeito com a nossa torcida: a que ponto chegaram Vanderlei Luxemburgo
e a diretoria do clube?
Sobretudo, o
que mais espanta nesta situação não é a declaração do profêxor. É a conivência
da diretoria do clube, em demasiado aspecto, sintomática. E o que significa e
em que consiste este sintoma?
Finanças. Lógico,
compreensível e justificável, é a questão mais importante para o Cruzeiro
sobreviver sempre forte. O sócio é no momento o que mais interessa para o
clube. Mas não deveria ser apenas o que interessa. Para que as finanças
caminhem de vento em polpa, e o clube possa atingir ótimas arrecadações com o
programa de sócio, não faz sentido e/ou mesmo necessário um certo ar de
desprezo com a imensa torcida, e principalmente, um desrespeito com a história
desta torcida. Havia mesmo necessidade do Luxemburgo relinchar aquilo? Conhecem
eles (Luxa e direção do clube) a vida de um torcedor apaixonado não cadastrado
no banco dos sócios que rendem receita ao clube mesmo com a parte mais
internacionalmente visível da saudosa arquibancada da toca 3 vazia há três
anos? Esta torcida que tanto está sofrendo em 2015 e que ainda assim apoiou o
clube nos momentos mais importantes deste ano, merecia a crítica que recebeu
por parte deste treinador por ter se revoltado contra uma partida ridícula
destes jogadores sem identidade e sem alma?
A torcida do
Cruzeiro já é por demais desrespeitada na mídia esportiva de Minas Gerais. Será
que eles não percebem isso? Aqui nas alterosas, existe um ufanismo exorbitante
e mentiroso em relação a segunda maior torcida do Estado, facilmente
justificado no sentido de que o clube à que esta torcida faz jus não conseguiu
em mais de 100 anos alcançar o patamar glorificante no panteão do futebol que o
Cruzeiro atingiu. Somos o maior do Estado. Tal situação provocou em boa parte
da mídia esportiva mineira um sentimento de carência que é aliviado com jargões
falsos e inescrupulosos de que a torcida em questão é isso ou aquilo, arrotam
ufanismos em todas as transmissões, tentam inflar o ego manipulando o parco
cérebro galináceo com bordões, e nós cruzeirenses já somos obrigados, se
quisermos acompanhar o noticiário do clube na grande mídia, a conviver com esta
porcaria. Isto chateia sim, é um saco para falar a verdade, mas ainda assim
quem tem o mínimo discernimento consegue captar as armações da mídia em prol da
torcida conhecida como “farsa”.
Agora, a crítica
à nossa torcida partir do treinador do clube, sob os auspiciosos silêncios daqueles
que comandam o nosso Cruzeiro, foi demais para o coração de quem vive a
alucinante emoção de frequentar aquelas (ex)arquibancadas e sofrer e vibrar com
nosso clube querido.
Não basta o
setor Minas Arena vazio há três anos e a enrolação infernal de que estão
resolvendo esta situação que nunca tem fim. Não basta não criarem políticas que
integrem junto ao sócio o torcedor comum, o povão, marca da nossa torcida como
se pode observar em pesquisas sérias e fundamentadas. Não basta deixar a mídia
esportiva de Minas inventar ufanismos em relação a torcida rival e silenciar em
relação a nossa grandeza enquanto nação com a respectiva conivência de quem nos
dirige. Não basta terem conseguido a façanha de não superlotar o Mineirão em
uma final de Copa do Brasil no momento em que o time havia ganhado o tetra do
brasileiro e que a torcida deveria empurrar o time como sempre fez para as
grandes conquistas. Não basta tratarem o torcedor apenas como um cliente que consome
o sócio do futebol que nestes últimos anos alegou ser o motor que propiciaria ao
clube sempre possuir grandes e fortes elencos, e não a tragédia sem a alma azul
deste amontoado de jogadores de 2015. Não bastou nada disso, ainda tiveram a
capacidade de criticar a torcida, para não dizer ofender.
Pois fiquem
sabendo que os grandes feitos de nossa torcida estão cravados na nossa
história. Já tivemos momentos muito piores que este e ainda assim marcamos
nossa presença. Teria que escrever algo maior que o conteúdo da bíblia para lhes
citar a evolução gloriosa de um grupo de imigrantes italianos da década de
1910-1920 que deram origem a uma nação de milhões de seguidores multiétnicos. O
Cruzeiro se tornou um povo. Vocês deveriam ser a realeza deste povo. Vocês
deveriam mirar no horizonte a veneração deste povo. Vocês deveriam sentir no
coração a vibração deste povo. Mas não. Vocês se calaram em relação ao que a
este povo chegou diante da crítica absurda que um treinador fora de contexto disse
sobre nossa paixão. É de roer o coração. E pior, injusto. Esta nação não
merecia isso. Basta a administração pífia que vocês têm feito este ano.
Cornetar a torcida não, quem vocês pensam que são para chegarem a este ponto?
A política de
sócios, a administração que gerou este time sem alma, as explicações de vocês
para tal, enfim, tudo isso acredito que uma vitória aqui, outra ali, a
permanência na primeira divisão e a recuperação do nosso clube querido para o
ano que vem, nós podemos com muito esforço aceitar. Mas atacar de dentro do clube
nossa torcida e fazer a alegria da mídia que vocês tanto conhecem e são
coniventes não, por favor, é absurdo, vergonhoso e frio e sem alma como o setor
Minas Arena vazio que há três anos vocês só ficam de enrolação alegando que vão
resolver e sonolentos, nunca resolvem.
A falta de
limites e a demagogia de Luxemburgo associada a frieza da atual diretoria do
Cruzeiro são imagens de um elenco que não tem o nosso sangue!
O Cruzeiro é o
coração de um povo pulsando. Não se maltrata assim um coração e muito menos
quem faz este coração pulsar.
Respeitem esta torcida, é o óbvio
a ser feito, é o mínimo, é o básico, fica o recado.
Geovano Chaves
Cruzeirão do povão.
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