terça-feira, 18 de agosto de 2015

NOTA DE REPÚDIO
Desrespeito com a nossa torcida: a que ponto chegaram Vanderlei Luxemburgo e a diretoria do clube?

Em entrevista recente, o técnico Vanderlei Luxemburgo foi de uma infelicidade galáctica, como outras em que este mesmo treinador já se encontrou em referência a este termo madrileno. Vociferou contra quem não deveria ao tecer críticas a quem ele deveria louvar como súditos de uma tríplice coroa. Compreendo por um lado o desconhecimento carioquês deste treinador em relação ao que representa para o Cruzeiro a sua imensa torcida, mas compreender não significa justificar, muito menos concordar.
Sobretudo, o que mais espanta nesta situação não é a declaração do profêxor. É a conivência da diretoria do clube, em demasiado aspecto, sintomática. E o que significa e em que consiste este sintoma?
Finanças. Lógico, compreensível e justificável, é a questão mais importante para o Cruzeiro sobreviver sempre forte. O sócio é no momento o que mais interessa para o clube. Mas não deveria ser apenas o que interessa. Para que as finanças caminhem de vento em polpa, e o clube possa atingir ótimas arrecadações com o programa de sócio, não faz sentido e/ou mesmo necessário um certo ar de desprezo com a imensa torcida, e principalmente, um desrespeito com a história desta torcida. Havia mesmo necessidade do Luxemburgo relinchar aquilo? Conhecem eles (Luxa e direção do clube) a vida de um torcedor apaixonado não cadastrado no banco dos sócios que rendem receita ao clube mesmo com a parte mais internacionalmente visível da saudosa arquibancada da toca 3 vazia há três anos? Esta torcida que tanto está sofrendo em 2015 e que ainda assim apoiou o clube nos momentos mais importantes deste ano, merecia a crítica que recebeu por parte deste treinador por ter se revoltado contra uma partida ridícula destes jogadores sem identidade e sem alma?
A torcida do Cruzeiro já é por demais desrespeitada na mídia esportiva de Minas Gerais. Será que eles não percebem isso? Aqui nas alterosas, existe um ufanismo exorbitante e mentiroso em relação a segunda maior torcida do Estado, facilmente justificado no sentido de que o clube à que esta torcida faz jus não conseguiu em mais de 100 anos alcançar o patamar glorificante no panteão do futebol que o Cruzeiro atingiu. Somos o maior do Estado. Tal situação provocou em boa parte da mídia esportiva mineira um sentimento de carência que é aliviado com jargões falsos e inescrupulosos de que a torcida em questão é isso ou aquilo, arrotam ufanismos em todas as transmissões, tentam inflar o ego manipulando o parco cérebro galináceo com bordões, e nós cruzeirenses já somos obrigados, se quisermos acompanhar o noticiário do clube na grande mídia, a conviver com esta porcaria. Isto chateia sim, é um saco para falar a verdade, mas ainda assim quem tem o mínimo discernimento consegue captar as armações da mídia em prol da torcida conhecida como “farsa”.
Agora, a crítica à nossa torcida partir do treinador do clube, sob os auspiciosos silêncios daqueles que comandam o nosso Cruzeiro, foi demais para o coração de quem vive a alucinante emoção de frequentar aquelas (ex)arquibancadas e sofrer e vibrar com nosso clube querido.
Não basta o setor Minas Arena vazio há três anos e a enrolação infernal de que estão resolvendo esta situação que nunca tem fim. Não basta não criarem políticas que integrem junto ao sócio o torcedor comum, o povão, marca da nossa torcida como se pode observar em pesquisas sérias e fundamentadas. Não basta deixar a mídia esportiva de Minas inventar ufanismos em relação a torcida rival e silenciar em relação a nossa grandeza enquanto nação com a respectiva conivência de quem nos dirige. Não basta terem conseguido a façanha de não superlotar o Mineirão em uma final de Copa do Brasil no momento em que o time havia ganhado o tetra do brasileiro e que a torcida deveria empurrar o time como sempre fez para as grandes conquistas. Não basta tratarem o torcedor apenas como um cliente que consome o sócio do futebol que nestes últimos anos alegou ser o motor que propiciaria ao clube sempre possuir grandes e fortes elencos, e não a tragédia sem a alma azul deste amontoado de jogadores de 2015. Não bastou nada disso, ainda tiveram a capacidade de criticar a torcida, para não dizer ofender.
Pois fiquem sabendo que os grandes feitos de nossa torcida estão cravados na nossa história. Já tivemos momentos muito piores que este e ainda assim marcamos nossa presença. Teria que escrever algo maior que o conteúdo da bíblia para lhes citar a evolução gloriosa de um grupo de imigrantes italianos da década de 1910-1920 que deram origem a uma nação de milhões de seguidores multiétnicos. O Cruzeiro se tornou um povo. Vocês deveriam ser a realeza deste povo. Vocês deveriam mirar no horizonte a veneração deste povo. Vocês deveriam sentir no coração a vibração deste povo. Mas não. Vocês se calaram em relação ao que a este povo chegou diante da crítica absurda que um treinador fora de contexto disse sobre nossa paixão. É de roer o coração. E pior, injusto. Esta nação não merecia isso. Basta a administração pífia que vocês têm feito este ano. Cornetar a torcida não, quem vocês pensam que são para chegarem a este ponto?
A política de sócios, a administração que gerou este time sem alma, as explicações de vocês para tal, enfim, tudo isso acredito que uma vitória aqui, outra ali, a permanência na primeira divisão e a recuperação do nosso clube querido para o ano que vem, nós podemos com muito esforço aceitar. Mas atacar de dentro do clube nossa torcida e fazer a alegria da mídia que vocês tanto conhecem e são coniventes não, por favor, é absurdo, vergonhoso e frio e sem alma como o setor Minas Arena vazio que há três anos vocês só ficam de enrolação alegando que vão resolver e sonolentos, nunca resolvem.
A falta de limites e a demagogia de Luxemburgo associada a frieza da atual diretoria do Cruzeiro são imagens de um elenco que não tem o nosso sangue!
O Cruzeiro é o coração de um povo pulsando. Não se maltrata assim um coração e muito menos quem faz este coração pulsar.

Respeitem esta torcida, é o óbvio a ser feito, é o mínimo, é o básico, fica o recado.
Geovano Chaves
Cruzeirão do povão.

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