Breve
histórico de momentos de crises do Cruzeiro e do tratamento com sua torcida: 1984
e 2015, qual a diferença e o que se pode deduzir?
Em 1948, George Orwell, famoso escritor
britânico, escreveu um livro intitulado 1984. Ele tentou imaginar como seria o
mundo em 1984. Tivesse ele pensado no Cruzeiro, poderia ter vivido um dos
piores pesadelos de sua vida. Mas...
Antes de fazermos esta viagem na história
do nosso clube querido, uma pincelada no nosso presente: sabemos que as últimas
declarações de Luxemburgo e Tinoco sobre a nossa torcida ofenderam e muito
nossa integridade azul-sanguínea. A raiva extrapolou para muitos a atual
situação do futebol do time, pois afinal de contas, foram declarações que
partiram de dentro do clube, sob a conivência de uma diretoria fria e perdida.
Mas queria frisar que, apesar das
declarações estúpidas destes infelizes, o nosso Cruzeiro querido já enfrentou crises
em proporções que podem ser consideradas até maiores. E rememorá-las em alguns
aspectos, entender que conseguimos transcendê-las, pode ajudar a dar-nos maior força
para superarmos a que vivenciamos atualmente. Voltemos a 1984 e façamos uma
reflexão.
O campeonato brasileiro de 1984 foi
disputado por 40 clubes, divididos em 8 grupos de 5. Ficamos no grupo F, junto
com América RJ, Atlético Paranaense, Brasil de Pelotas e Rio Branco do Espírito
Santo. 3 clubes se classificariam em cada grupo de 5 equipes, e o quarto
colocado iria para a repescagem. Pasmem! Neste grupo, com estas equipes, o
Cruzeiro ficou em quinto lugar, exatamente na última colocação. Em um
campeonato com 40 equipes, algumas, como em nosso grupo, incrivelmente sem
expressão alguma, o Cruzeiro conseguiu a façanha de terminar na vergonhosa posição
de número 33, escapando da taça de Prata, antiga segunda divisão, por índice técnico.
Foi um ano assustador, digno de cair no esquecimento. Exceto por um motivo: com
um dos piores elencos de nossa história e diante de 52 mil pagantes no Mineirão,
emplacamos 4 x 0 no Atlético Mineiro em dezembro de 1984. Sim, a final do Mineiro
era no final do ano, e assim salvamos aquele ano que teria tudo para ser um dos
mais tenebrosos de nossa história com uma goleada histórica. O ano de 2011
neste aspecto não foi exceção à regra, foi replay.
Como 1984, os anos de 1985 (33º), 1994 (22º)
e 2011 (16º) também foram assustadores.
Nestes torturantes anos, sofremos com elencos que fraquejavam a cada rodada, jogadores
que nos faziam ir à beira de um ataque de nervos, mas que no final ao menos
salvaram a instituição do vexame maior. Falta de jogadores de renome, falta de
dinheiro. Em cada um destes anos, se aprofundarmos, houve uma explicação
diferente para crises que na verdade são presentes na vida de qualquer clube
grande do planeta. Superamos todas elas, incaíveis, orgulho de nossa tradição.
Voltando novamente ao
presente, indagamos: o que a crise de 2015 nos apresenta de diferente, nos
assusta e nos irrita tanto?
Além da péssima
administração, o que é de corroer os nervos são declarações que atacam,
incrivelmente, a nossa torcida. Logo aquela que é a razão de ser do Cruzeiro, a
que move o clube como proclama o próprio departamento de marketing, ser atacada
de dentro da própria instituição?
Tudo bem que o antigo
presidente César Masci já disse algumas groselhas no início da década de 90,
mas não foi nada tão ofensivo assim. Nada comparado ao que dois estúpidos que
sequer conhecem os caminhos que levam as três Tocas da Raposa foram capazes de
proferir.
Portanto, se são capazes
de fazerem péssimas administrações, arriscarem manchar nossa história como um
dos poucos clubes incaíveis do futebol brasileiro por pura arrogância e frieza
e destruírem um elenco bi-campeão do Brasil, ainda assim, lhes exigimos a
seguinte postura, ao menos isso:
Não falem NUNCA mais
pelos cotovelos sobre esta torcida. Não relinchem nunca mais sobre este povo.
Procurem ao menos conhecer a história da formação dessa nação. Não julguem este
povo apenas pelo viés do número econômico dos que fazem o sócio do futebol ou
não. Procurem entender que são vocês que tem que constantemente adequar o
programa de sócio ao tamanho e grandeza desta torcida, e não a torcida que tem
que se adequar ao programa que vocês muitas vezes parecem querer impor como
perfeito. Não acreditem que por arrecadarem mais que outros clubes com este
programa vocês tem o direito de serem coniventes com declarações que procure
ofender este povão. Tenham vergonha, sintam no coração, como nós, a raiva de
ver o principal setor do estádio aparecer vazio para o mundo inteiro desde
2013.
E se pedir vergonha na
cara não for pedir demais para uma administração que parece fugir deste
quesito, venham a público e se retratem do que foi dito por este infeliz
pseudo-diretor de futebol, e em seguida, façam como nossos piores elencos da
história fizeram com o rival no último mês de agonia dos respectivos anos de
1984 e 2011: mande-o para o espaço!
Cruzeirão do povão!
Geovano Chaves
Agosto de 2015
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