terça-feira, 25 de agosto de 2015

Breve histórico de momentos de crises do Cruzeiro e do tratamento com sua torcida: 1984 e 2015, qual a diferença e o que se pode deduzir?
Em 1948, George Orwell, famoso escritor britânico, escreveu um livro intitulado 1984. Ele tentou imaginar como seria o mundo em 1984. Tivesse ele pensado no Cruzeiro, poderia ter vivido um dos piores pesadelos de sua vida. Mas...
Antes de fazermos esta viagem na história do nosso clube querido, uma pincelada no nosso presente: sabemos que as últimas declarações de Luxemburgo e Tinoco sobre a nossa torcida ofenderam e muito nossa integridade azul-sanguínea. A raiva extrapolou para muitos a atual situação do futebol do time, pois afinal de contas, foram declarações que partiram de dentro do clube, sob a conivência de uma diretoria fria e perdida.
Mas queria frisar que, apesar das declarações estúpidas destes infelizes, o nosso Cruzeiro querido já enfrentou crises em proporções que podem ser consideradas até maiores. E rememorá-las em alguns aspectos, entender que conseguimos transcendê-las, pode ajudar a dar-nos maior força para superarmos a que vivenciamos atualmente. Voltemos a 1984 e façamos uma reflexão.
O campeonato brasileiro de 1984 foi disputado por 40 clubes, divididos em 8 grupos de 5. Ficamos no grupo F, junto com América RJ, Atlético Paranaense, Brasil de Pelotas e Rio Branco do Espírito Santo. 3 clubes se classificariam em cada grupo de 5 equipes, e o quarto colocado iria para a repescagem. Pasmem! Neste grupo, com estas equipes, o Cruzeiro ficou em quinto lugar, exatamente na última colocação. Em um campeonato com 40 equipes, algumas, como em nosso grupo, incrivelmente sem expressão alguma, o Cruzeiro conseguiu a façanha de terminar na vergonhosa posição de número 33, escapando da taça de Prata, antiga segunda divisão, por índice técnico. Foi um ano assustador, digno de cair no esquecimento. Exceto por um motivo: com um dos piores elencos de nossa história e diante de 52 mil pagantes no Mineirão, emplacamos 4 x 0 no Atlético Mineiro em dezembro de 1984. Sim, a final do Mineiro era no final do ano, e assim salvamos aquele ano que teria tudo para ser um dos mais tenebrosos de nossa história com uma goleada histórica. O ano de 2011 neste aspecto não foi exceção à regra, foi replay.
Como 1984, os anos de 1985 (33º), 1994 (22º) e 2011 (16º) também foram assustadores. Nestes torturantes anos, sofremos com elencos que fraquejavam a cada rodada, jogadores que nos faziam ir à beira de um ataque de nervos, mas que no final ao menos salvaram a instituição do vexame maior. Falta de jogadores de renome, falta de dinheiro. Em cada um destes anos, se aprofundarmos, houve uma explicação diferente para crises que na verdade são presentes na vida de qualquer clube grande do planeta. Superamos todas elas, incaíveis, orgulho de nossa tradição.
Voltando novamente ao presente, indagamos: o que a crise de 2015 nos apresenta de diferente, nos assusta e nos irrita tanto?
Além da péssima administração, o que é de corroer os nervos são declarações que atacam, incrivelmente, a nossa torcida. Logo aquela que é a razão de ser do Cruzeiro, a que move o clube como proclama o próprio departamento de marketing, ser atacada de dentro da própria instituição?
Tudo bem que o antigo presidente César Masci já disse algumas groselhas no início da década de 90, mas não foi nada tão ofensivo assim. Nada comparado ao que dois estúpidos que sequer conhecem os caminhos que levam as três Tocas da Raposa foram capazes de proferir.
Portanto, se são capazes de fazerem péssimas administrações, arriscarem manchar nossa história como um dos poucos clubes incaíveis do futebol brasileiro por pura arrogância e frieza e destruírem um elenco bi-campeão do Brasil, ainda assim, lhes exigimos a seguinte postura, ao menos isso:
Não falem NUNCA mais pelos cotovelos sobre esta torcida. Não relinchem nunca mais sobre este povo. Procurem ao menos conhecer a história da formação dessa nação. Não julguem este povo apenas pelo viés do número econômico dos que fazem o sócio do futebol ou não. Procurem entender que são vocês que tem que constantemente adequar o programa de sócio ao tamanho e grandeza desta torcida, e não a torcida que tem que se adequar ao programa que vocês muitas vezes parecem querer impor como perfeito. Não acreditem que por arrecadarem mais que outros clubes com este programa vocês tem o direito de serem coniventes com declarações que procure ofender este povão. Tenham vergonha, sintam no coração, como nós, a raiva de ver o principal setor do estádio aparecer vazio para o mundo inteiro desde 2013.
E se pedir vergonha na cara não for pedir demais para uma administração que parece fugir deste quesito, venham a público e se retratem do que foi dito por este infeliz pseudo-diretor de futebol, e em seguida, façam como nossos piores elencos da história fizeram com o rival no último mês de agonia dos respectivos anos de 1984 e 2011: mande-o para o espaço!
Cruzeirão do povão!
Geovano Chaves

Agosto de 2015



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